Doutor Guto Fernandes

Sobre Mim

Guto Fernandes começou a querer tocar muito novo. Com 6 anos, já escolhia sempre que podia brinquedos relacionados à música, como aqueles violões de plástico. Era fascinado com o piano de brinquedo para crianças e, toda vez que podia, pegava escondido os discos de sua irmã Sônia. Além de ouvi-los, ele ficava lendo os créditos e tudo que vinha nas capas. Podia passar horas fazendo isso. Até que, aos 8 anos, começou a compor, inicialmente letras românticas, mas com linguagem bem infantil. Fazia música para todo mundo.

Em um acidente que sofreu aos 10 anos, acabou ficando 6 meses internado em um hospital e, com isso, sua habilidade de compor foi apurada. Fez sua primeira música séria para sua médica, chamada Nina, que depois virou uma versão cristã com o nome de "Vazio". Após sua conversão ao cristianismo, aos 11 anos, iniciou num coral chamado Filhos da Promessa de pré-adolescentes, com a líder Édmeia Campos. Lá desenvolveu a habilidade vocal e de dobra vocal. Também surgiu a oportunidade de aprender a tocar. Ele sentava na primeira fileira da igreja e observava os músicos tocando e, com seis linhas desenhadas no braço esquerdo, memorizava uma posição e, durante a semana, com o violão emprestado do amigo Júlio Cesar, começou a desenvolver o violão. Lembra de receber uma visita em uma noite do guitarrista da igreja, Kal Robson, que ao vê-lo tentando aprender, desenhou vários acordes derivados do C maior. Isso foi um clique para ele desenvolver de forma intuitiva e autodidata a percepção de harmonia e começar a estudar profundamente e sozinho, por falta mesmo de recursos financeiros, o violão.

Então sua mãe achou no lixo um violão sem cordas, sem tarrachas e furado no fundo. Esse foi seu primeiro violão. Ele pegou cordas de barbante e, então, podia agora treinar todo dia, o dia todo. Foi aí que começou a tocar e ensinar os amigos da igreja, que já inclusive sabiam também. Acredita que mais incentivava que ensinava Alexandre Gouveia (in memoriam) e Clay Peterson de Oliveira. Eles montaram uma banda chamada Louvor Eterno e foi um pouco depois disso que Adelino, um saxofonista, entrou para a igreja e o convidou para fazer aulas gratuitas com ele. Nesta ocasião, saía de sua casa e ia a pé até a igreja, um trajeto de 2 horas. Mas era uma caminhada feliz, rumo à realização de seu sonho. Adelino, vendo sua habilidade nata, inscreveu-o no curso de música do Conservatório Mineiro da UFMG. Sem entender a complexidade e a disputa da época, fez a prova e passou.

Logo no primeiro mês, descobriu que precisava pagar mensalidades e, sem condições, começou a lavar carros e engraxar sapatos sem que sua família soubesse. Lembra de chegar ao seu pastor, o querido Marco Antônio Costa, da IEQ Floresta de BH, e ele, muito constrangido, disse que não poderia ajudar financeiramente na época. Mas Guto reportou que queria somente que cedesse água e um balde. O pastor forneceu o necessário para que pudesse lavar carros. Um dia, lavou o carro de uma pessoa especial. Esse senhor, que perguntou por que tão jovem e não aparentando morar na rua estava ali, descobriu que pretendia juntar dinheiro para pagar seus estudos de música. No outro dia, foi chamado na sala do diretor e ele era o homem. Além de lhe dar uma bolsa, disse que tinha tirado uma das maiores notas daquele ano na prova e que teria uma bolsa até a faculdade com transporte e lanche, mas teria que nos intervalos ajudar os professores, guardando os instrumentos, afinando e tudo mais. Isso o fez ter contato com todos os instrumentos que quisesse e se tornou assim um multi-instrumentista, desenvolvendo suas habilidades práticas no altar da mesma igreja, nos cultos disponíveis onde o seu primeiro mentor Pastor Edson Souza tocava guitarra e cantava e ele podia então acompanhar tocando um,dois ou três instrumentos de uma vez. 

Desde então, fez todos os cursos que conseguiu, 3 ou 4 ao mesmo tempo, estudava, trabalhava e ainda fazia música e praticava durante a madrugada na igreja, pois era onde tinha acesso aos instrumentos. De família pobre, morando em uma favela, Guto Fernandes se tornou então bacharel, licenciado, mestre e, por fim, doutor em educação musical e especial plena nos EUA. Vinte faculdades, quatro mestrados, um MBA e um doutorado em duas especializações: educação musical e educação musical especial.

Está entre os cinco maiores graduados em música no Brasil.

Ainda há muito que percorrer, mas não tira o mérito que a estrada até aqui foi Deus quem guiou.

Jornada acadêmica